quinta-feira, junho 28, 2007

Uma só lágrima,
única e dura,
corre pelo rosto sulcado, lamacento,
da vida que foge por entre as mãos.
Dias que se somem,
no nevoeiro denso do tempo,
escoando por entre as vagas do degredo,
trazem a solidão,
por entre as gentes que se acotovelam em desvario.
O esquecimento de quem existe,
o certo, e o errado,
o desamor,
o azar e a sorte,
torcem e dobram a existência de cada um,
deixando de olhar nos olhos das pessoas,
e de antever os seus anseios e mágoas.
A incúria,
ou a vã glória de ser,
apagam o existir pleno,
extinguem a bondade da alma.
Já não vemos nos outros um semelhante,
Já não tentamos antever o seu sofrimento,
nem sequer o tentamos ajudar,
antes viramos as costas antes que nos peça:
"Ajuda-me!"
Bastava olhar-lhe nos olhos.
Bastava sentir-lhe o peso dos ombros,
e da alma,
bastava querer.
(c) Bluerussian

2 comentários:

Mia Olivença disse...

Cada blog teu que abro me deixa de boca aberta...

Penso que existe tanta gente iletrada e sem talento que escreve e (pior) edita livros; outros cujo talento é gratuítamente partilhado com todos têm enorme qualidade...

Acho que todos os poemas que nos transmitem arrebatamento deixam-me sempre com vontade de ler mais... De saber como irá evoluir... até á perfeição...

ADOREI!!! PARABENS!!!

(És jovem inteligente, atenta e talentosa... tens algo a transmitir ao mundo... "Like a message in a botle", "I hope that someone listen"... Eu estou a ouvir... COM MUITA ATENÇÃO...)

Nota: Privet joke:
Bluerussians forver!!!

Sofia Melo disse...

Obrigada, Mia!
Escrever, às vezes, faz melhor ao espírito que falar. Passei muito tempo a deitar fora o que escrevia, até que descobri os blogs. é uma maneira diferente de guardar coisas, pondo-as à disposição de quem quiser, e gostar.
Obrigadão pelo elogio, e pela atenção.
Resposta à tua privet: Apoiado!!!