domingo, dezembro 09, 2007

# 3 Filosofia de Ponta: Das pessoas que amamos e odiamos

As pessoas são inevitáveis, na nossa vida. Estamos rodeados delas, e se assim não fosse, pelo menos morríamos de tédio. Fonte de verdadeira felicidade para nós, algumas pessoas que passam pela nossa existência marcam-nos momentos tão bons que nunca mais as esquecemos. Outras há que são para nós como verrugas que tentamos arrancar, espremer e deixar secar com toda a força dos nosso músculos.
Há, portanto, pessoas de quem gostamos e pessoas que odiamos. Mas também há os meios termos, isto é, pessoas que gostamos assim-assim, pessoas que não nos fazem qualquer diferença, e pessoas por quem simplesmente não nutrimos grande simpatia.
Se nos perguntarem que é o nosso melhor amigo, ou a pessoa de quem gostamos mais, respoondemos prontamente um, dois ou três nomes. Pais, irmãos, namorado/cônjuge, ou o melhor amigo, podem estar sempre no topo da nossa lista dos beloved. Mas se nos perguntarem quem é o nosso maior inimigo, a pessoa mais odiosa para nós, esses nomes também aparecem. Mas temos vergonha ou pudor em dizer quem são. Porquê? Porque raio fazemos gala em gritar aos sete ventos os nomes dos nossos entes queridos, e escondemos do mundo os nomes daqueles que gostaríamos de ver desterrados na Sibéria,sem roupa e sem comida?
É feio odiar pessoas. Mostra o lado negro da raça humana, e ninguém gosta de mostrar o seu lado negro. Somos todos bonzinhos, não é? Não possuimos sentimentos menos nobres. Não queremos mal a ninguém.
Mentira! Faz parte da natureza humana, mentir. E odiar, também. E não gostar, e não sentir empatia, e querer o mal de alguém. E porque é que isso acontece? Normalmente, porque se trata de pessoas que nos fizeram mal... ou que fizeram alguma coisa que não nos agradou.
Acontece a toda a gente, isto. Também há casos em que não se gosta das pessoas pela pura inveja de se querer ser, ou ter, como essa pessoa. Nestes casos, criamos anticorpos contra as pessoas que são o exemplo daquilo que queremos. É natural que isto suceda assim, somos pessoas, não somos deuses. E mesmo que eu fosse Deus, garantidamente gostaria mais de uns indivíduos que de outros. "Ai este fulano é assim, ai fez isso, ai é mau? Então não gosto dele, vou castigá-lo"; "Ai esta tipa é gira, ai tem a mania, ai não tem mania, mas devia ter? vou dar-lhe uns azares, para ela aprender...". Seria um Deus um bocadinho tendencioso, lá isso é verdade, mas deve ser por isso que eu não sou Deus... O verdadeiro Deus é-o por alguma razão.
Odiar é uma palavra forte. Para nós, pessoas comuns (eu considero-me uma pessoa comum), é normal odiar uma, duas, no máximo três pessoas. Mais do que isto, já é capaz de ser uma psicopatia. Digo ODIAR mesmo, aquela vontade que temos de esganar, de condenar ao fogo eterno, de causar a maior das infelicidades. Quando odiamos, desejamos que essa pessoa morra, ou pelo menos não nos importávamos nada com isso, se acontecesse. Por razões de piedade humana, ou religiosa, ou espiritista, acabamos sempre por não odiar ao ponto de matar mesmo. Alguns fazem-no, mas esses chama-se criminosos, muitos deles psicopatas. Não serão exemplo. Mas de facto, as pessoas que odiamos causam-nos um mal-estar tão incómodo que gostaríamos, pelo menos, de nunca mais as ver, gostaríamos que fossem para longe de tudo o que nos diz respeito e não voltassem. E de preferência, que fossem infelizes.
Já devem ter reparado que, por esta ordem de ideias, o ódio é o oposto do Amor. Ponham esta fraseado anterior todo ao contrário, e aí tem o nobre sentimento do Amor: o fogo, a ansia de ter, o desejo de felicidade, o querer bem, o não passar sem. Mas sobre o Amor, já tanto se disse, que qualquer coisa que eu escreva vai parecer enfadonha. Não que eu ache que o Amor é enfadonho, não, que o Amor é lindo, mas tem mais piada escrever sobre o ódio... precisamente porque não se escreve tanto sobre ele. É quase uma injustiça.
Odiamos porque nos fizeram mal, em primeiro lugar. De alguma maneira, sentimo-nos injuriados com a atitude de alguém: falaram mal de nós, prejudicaram-nos o emprego, traíram a nossa confiança, ofenderam-nos, envergonharam-nos, roubaram-nos, enganaram-nos, humilharam-nos... há tantas causas! Mas os efeitos podem ser diferentes, nas pessoas.
Os mais "sangue de barata" regaem beatamente com a atitude de "Deus te perdoe", e muitas vezes oferecem a outra face, e lá são tramados novamente. Perdoam, esquecem, a sua magnanimidade é quase divina. Santos, esses, que os seus ossos não se esfarelarão em pó, e serão canonizados. Há os menos bonzinhos, mas sobretudo pacíficos, que preferem um "Deus te castigue", apelando à justiça divina a aplicação do correctivo. Até podem perdoar, mas não esquecem... e raramente oferecem a outra face. Depois, há os que reagem logo: respondem à letra, no calor da emoção, e aplicam o correctivo na hora - são os práticos. zangam-se com o seu inimigo, mas passado um tempo, as coisas até vão passando. Estes, umas vezes perdoam, outras não... a maior parte das vezes, até esquecem, com o passar do tempo. Depois temos os vingativos: aqueles que calam a mágoa só pelo objectivo de se vingarem do seu ofensor, mas não logo, antes em altura que seja fatal - pela calada, quando o inimigo dorme. Terríveis esses - nem perdoam, nem esquecem...
Às vezes estas coisas misturam-se. Dependendo muitas vezes de quem nos ofende, ou da altura da vida em que estamos, esquecemos e perdoamos quem não devíamos, muitas vezes, e vice-versa.
Há depois aqueles ódios ligeiros, aquelas antipatias figadais mas inofensivas, aquelas incomodativas rixas psicológicas que travamos telepaticamente com o nosso pseudo-inimigo: são as pessoas com quem "não vamos muito à bola". Estes estão no limbo entre o "não gosto lá muito de ti, à primeira que me faças, risco-te da minha lista", e o "pode ser que um dia mude de ideias e passes até beneficiar da minha amizade". São estes casos que trazem surpresas. Quantas vezes antipatizamos com pessoas que com o tempo passam a ser as nossas melhores amigas? Ou até mesmo grandes casos amorosos que começam com animosidades menos queridas? A estas pessoas, pomos à prova sempre que podemos, é uma avaliação constante. Somos desconfiados, em relação a elas. É uma trabalheira.
E aqueles que não nos aquecem nem nos arrefecem? Pessoas que passam pela nossa vida, e não damos por elas, ou, pelo menos, em relação às quais não temos curiosidade, não queremos saber, não nos chamam a atenção? Cuidado com elas.... muitas vezes, são essas que mais nos amam, ou que mais nos odeiam....
Os nossos amigos, aqueles de quem gostamos, aqueles que consideramos bem, os que temos sempre à nossa volta, a esses amamos de um amor amigo, gostamos deles mas conseguimos suportar a distância, quando ela se impõe. Sabemos que eles estão por nós, mesmo que estejam longe. Fazemos o que podemos por eles, muitas vezes o que não podemos, e só queremos que sejam felizes, especialmente se for perto de nós. Família, amigos, colegas, esses todos.
No topo do ranking, L' Amour (em francês é mais doce, mais fervoroso, digo eu). Amamos as pessoas que nunca queremos longe de nós, e, normalmente estas pessoas são os nosso pais, os nossos amados, e os nossos filhos. Devotos a eles, a nossa vida é, em muito, causar-lhes momentos de felicidade. E é assim que somos felizes, também. mesmo quando as pessoas que se amam se magoam, isso é porque se atrapalham com tanto desejo de fazer e ser feliz. Às vezes isso é difícil de conjugar, especialmente porque o Amor pressupões um bocadinho de sentimento possessivo... e isso às vezes fere o ente amado. Mas passa e perdoa-se se o Amor é verdadeiro.
Até porque se o Amor não é verdadeiro, pode sempre dar em ódio e aí, lá vamos nós outra vez ao início deste texto.
Somos assim, nós. Andamos por aqui aos encontrões uns aos outros, e que remédio temos nós senão conviver, e fazê-lo pelo melhor. Melhor ou pior, isso depende. De nós, e, mais uma vez.. dos outros. E, verdade seja dita, quem poderia viver sem isto?

sexta-feira, novembro 02, 2007

§ 2 - Filosofia de Ponta: Jogos de computador

Jogos de Computador: odeio-os. Coisinhas mais irritantes, esses dispositivos de fazer perder tempo às pessoas que se viciam neles, e pior, às pessoas que vivem à volta destas. Eu diria mesmo que são uns apetrechos do Demo.
Quem diz Jogos de computador, diz Playstations, Segas, Nintendos-não-sei-quê, coisas que se ligam à ficha, dentro de um espaço fechado, e dão uns bonecos que se movem e actuam à medida que clicamos em botões. Quando eu era miúda, e estas coisas começaram a aparecer - na altura, os da Atlantis, quem não se lembra? - evidentemente que fiz a cabeça do meu pai em água para ter uma, e a minha própria também, porque que remédio tive eu senão esfalfar-me para ter uns notões na escola e merecer o bendito aparelho. E mereci. O papá, na sua magnificiência e eterna justiça, deu-mo. Verdade se diga, em duas semanas já desejava ter pedido outra coisa qualquer. Estava farta. Absolutamente monótono, os jogos eram ridículos, e tinham uma música que fazia esboroar o meu pobre cérebro de criança parva. Caramba, aquilo na TV parecia tão fixe!!!
Nas crianças, compreende-se. Pode até mesmo ser educativo. A miudagem gosta destas coisas de encarnar personagens, viver mundos e vidas diferentes, matar sem morrer, morrer sem matar, ou as duas coisas ao mesmo tempo, dare saltos hercúleos e voar, conduzir carros velozes e barcos elegantes, viver segundas vidas virtuais (gostava de ser isto, gostava de ser aquilo, etc.).
Mas nos grandes... nos adultos de barba rija (sim, na maior parte, homens), não sei, já me parece um bocadito estranho que passem 20 h das 24h diárias em frente a um monitor de PC, a olhar, literalmente, para o boneco (as restantes 4 horas, dividem-nas entre o dormir e o comer e o ver tv...). E é fatal como o destino - vidrados como estão no jogo, podia cair-lhes a casa em cima, que isso mais não era que um pequeno sopro na orelha... Raio de coisa mais viciante, quem a inventou deve andar a arder no inferno - se não anda, já lá deve muitos anos! Se o fervor para tudo fosse o mesmo que algumas pessoas tem para jogar nestas coisas, caramba, que o mundo girava tão mais depressa que se fazia noite ao meio dia....
E esta maluqueira dos SIMS... uma porcaria de um jogo em que as pessoas são um bando de tótós que representam o seu jogador, e vivem aquilo que o jogador não pode viver, na maior parte dos casos. É os Sims nas férias, os Sims na Universidade, os Sims na cidade, os Sims no campo, os Sims no zoo, os Sims cozido, os Sims frito, blá, blá, blá!!! Depois o Second Life, uma treta ao nível planetário, em que até instituições publicas e privadas alinham... Raio de ânsia de viver a vida que não é a nossa... perca-se mais tempo a tentar melhorar o nosso mundo, e o resultado será muito melhor, não?
Os miúdos nascem a saber mexer num pc. E coisas como pintar livros, construir carrinhos de rolamentos, andar de bicicleta, jogar à bola, isso é para os "tristes" que não tem um... (para mim, esses os verdadeiros sortudos...). e depois, há que comprar jogos a cada 15 minutos, porque o consumismo assim o exige, e o que agora é "muita fixe", daqui a 2 segundos é "uma seca". E um pai que não ponha um pc à disposição da criança... é fuzilado imediatamente com o desprezo do "o pai do Zézinho é melhor do que tu, porque lhe deu um computador e jogos, e eu queria é ser filho dele"...Primícias dos tempos modernos, é o que é.

Exceptuando as crianças, são dois tipos de pessoas, as que se viciam em jogos de pc: o indivíduo que é um estratega nato, e joga para testar e exercitar a sua argúcia, e o típico nerd que abomina a sua vida real e dá prevalência à sua existência virtual.

No primeiro caso, não é de censurar, apenas tem como ponto negativo o dispêndio incessante de horas para terminar um jogo, e provar a sua hegemonia face à tecnologia. Prefira-se jogos de cariz militar (jogos de guerra, in your face, luta, etc.) ou social (construção e manutenção de cidades, civilizações, património, ou então jogos de futebol, ou outros desportos, etc.), o estratega começa um jogo e não mais pára até conseguir atingir uma resma de objectivos a que se propõe, querendo visceralmente vencer a máquina, e ser declarado o maior, o dominante, o master and commander. Normalmente, depois de terminar um jogo, e vencer a máquina, ninguém o atura. Pelo menos até arranjar outro jogo (coisas de homens - com as mulheres, em geral tendem a fazer o mesmo...).

No segundo caso, é grave... o nerd começa por se lamentar da vida baça que tem, e começa a procurar existências paralelas, em que ninguém o conheça, ninguém sequer o veja, e onde se possa gabar do que não é, achando assim que a sua aceitação por parte da comunidade - a maior parte, virtual, também - será mais fácil. Este indivíduo adora chats, jogos de simulação de personagens - o Sims, ou o Second life, por exemplo - e normalmente é o oposto daquilo que apresenta na sua vida virtual. Cuidado com ele. Até porque, como faz o possível para se omitir à vida real, passando todos os minutos que pode na sua vida virtual, que prefere, descurando coisas importantes como a saúde, o aspecto, a habilidade de lidar socialmente com pessoas de carne e osso , enfim, todas as coisas que nos ensinam desde pequenos, desde o primeiro dia em que ouvimos a frase "nenhum homem é uma ilha". Os nerds são uma ilha, rodeada de cabos de pc por todos os lados. O limiar da realidade confunde-se, passado uns tempos de excesso de omissão social, com essa twilight zone que é a realidade virtual, e os indivíduos, muitas vezes, regridem ao estado de homem das cavernas, ainda que um homem das cavernas tecnológico. Não falam, grunhem, e teclam à velocidade da luz, comem comida de plástico e sandes de atum, bebem coca-cola e café para estarem acordados e online o máximo de horas, e, geralmente, têm borbulhas, maus dentes, falta de cabelo, corcunda e chagas no rabo (devido à posição em que passam tanto tempo, sentados frente ao pc).

Os primeiros, são normalmente saudáveis, cabe-nos a nós, mulheres que os têm assim, tentar vencer também a máquina, conseguindo desviar a atenção dos nosso estrategas para nós próprias (qualquer mulher sabe, no fundo, como fazê-lo) - para esses, há salvação.

Os segundos... Recomenda-se uma marreta e força para partir o pc todo e esmigalhar os cabos de internet. Depois, um internamento numa clínica de desintoxicação, para restabelecer o corpo de todas as maleitas que apanhou por falta de se cuidar. E depois, uma dose cavalar de VIDA SOCIAL, para uma restruturação pessoal completa. E uma providência cautelar de obrigação de afastamento de computadores com internet de, pelo menos, uns dez anos.

Não nego que há jogos engraçados, que fazem puxar pela cabeça e prendem a atenção. Mas o que é demais é erro, e enjoa, ainda por cima...

segunda-feira, outubro 01, 2007

§1. Filosofia de Ponta - O Levantar de manhã

O que pensamos quando nos levantamos todas as manhãs? O leitor já pensou bem na 1ª palavra que lhe vem à cabeça quando acorda de manhã? Ou na primeira coisa que vê? Ou no primeiro som que ouve? É um exercício fácil, basta colocar um bloco de apontamentos e uma caneta ao pé da cama, e apontar logo que acorde (de preferência, mesmo antes de ir usar o WC, se der tempo). Já agora, junte-lhe a recordação imediata que tem dos sonhos dessa noite. Só para compor o ramalhete. Garantidamente, o resultado pode oscilar entre o mais perfeito non-sense, e o mais completo retrato da realidade humana. Ou os dois ao mesmo tempo, quem sabe. Senão vejamos: A primeira coisa que ouço de manhã são os meus gatos a raspar a porta do quarto. Significa, em primeiro lugar, que fechei a porta, antes de me deitar. Em segundo lugar, quer dizer que os bichanos têm fome. Isto tudo, significa que tenho gatos, o que pode dizer muito sobre a minha personalidade, ou sobre o meu estilo de vida. Se eu tiver um cão posso ouvi-lo ladrar, a pedir para ir à rua, e isso quer dizer que as minhas manhãs podem ser até muito refrescantes, porque começam sempre com um passeio ensonado em pijama, pela fresca, para levar o cãozinho a fazer as necessidades à rua, passando pelo apanhar das mesmas para um saco, pôr no lixo, e voltar para casa para lavar as mãos. Se eu fizer isto assim, até sou uma pessoa civilizada, se não, sou uma javarda sem responsabilidade social nenhuma (enfie a carapuça quem quiser...). Se não tenho animais de estimação, ou tenho mas são dos que não batem à porta (pequenos roedores, peixinhos num aquário, répteis, insectos, um tamagoshi ou até mesmo um animal embalsamado), a primeira coisa que se ouve de manhã pode ser qualquer coisa, e normalmente vem da rua ou da casa dos vizinhos - obras, carros, assobios, despertadores, rádios, coisas a cair (e a partir), pessoas a escarrar glamorosamente nos seus WC, bébés a chorar, autoclismos... uma parafernália de sons das mais variadas origens, que mais dizem sobre o tipo de casa e de localização em que vivemos, do que sobre nós próprios. E, claro, destes sons depende a primeira coisa que nos vem à cabeça assim que abrimos os olhos para o mundo. E esta depende ainda de como temos o quarto em que dormimos. E do stress em que andamos, e ainda do que fizemos antes de adormecer. O quarto. Escuro como breu, desarrumado até ao tecto? O seu proprietário gostaria de ficar a dormir até ao meio dia, por isso, se acorda mais cedo, pensa "Bolas... já é de manhã...", ou coisa pior. Janela aberta, luz do dia a entrar às 7h da matina (sem ter sido por esquecimento de a fechar)? Ah, aí então temos um madrugador, que pensa "ora vamos lá, mais um dia!", ao mesmo tempo que se levanta da cama, com pulo ou sem ele. Mas aqui ainda temos uma variante: aqueles que programam o despertador para mais cedo do que é preciso, e gostam de deixar a luz entrar, para gozar aqueles 30 minutinhos de puro prazer que é o acordar lentamente para a vida. Sorna pura. Depois, o nosso primeiro pensamento do dia passa pelos sons - se acordamos estremunhados com uma barulheira infernal vinda de fora (Comboio, businas, rectro-escavadoras, uma vizinha que canta mal, berros, um buzzer insistente, música foleira, o Family Frost, anúncios de touradas e circos, uma banda de música ou zés-pereiras), acordamos irritados e a pensar que temos que mudar de casa rapidamente; se a barulheira vem de dentro de casa, acordamos ainda mais irritados, e ainda por cima apreensivos com a causa do barulho - alguma coisa correu mal, e aí o salto da cama é peremptório, assim como toda a manhã pode ficar arruinada, dependendo do estrago produzido e da possibilidade de culpar alguém. Mas o que ouvimos pode ser bom, suave e melodioso. O nosso despertador pode contribuir para isso, com a nossa música preferida, o nosso ente amado pode simplesmente sussurrar ao nosso ouvido coisas românticas, ou o nosso filho pode vir acordar-nos com um beijo. O ronronar de um gato com fome também serve. Latidos e lambidelas de cão, não obrigada, mas para quem gosta... Whatever. Se andamos stressados, acordamos a pensar nos problemas, nas urgências, nas chatices. É aborrecidíssimo, estraga, pelo menos, a manhã, e faz rugas e cabelos brancos. Mas acontece amiúde a toda a gente, até mesmo nas crianças, de quem se diz que nunca tem problemas. Faz parte da nossa existência sermos nós próprios a martirizar-nos com coisas que não conseguimos resolver durante o tempo em que estivemos a dormir - é uma fatalidade, dormir umas horas, poucas ou muitas não interessa, e acordar a constatar que o problema continua teimosamente na mesma, não se resolveu, apesar de estarmos a acordar para um novo dia. Nos meus tempos de estudante, a maior parte das vezes sonhava que estava a fazer os exames que tinha no dia a seguir, e acordava no alívio - durante 5 segundos - de já os ter feito. Depois era uma chatice ver que tinha que me levantar para ainda os ir fazer. O que fizemos antes de adormecer? Adormecemos frente à TV, a ler ou na internet (sim, há pessoas que levam os pc portáteis para a cama...), bebemos demais, fizemos amor, adormecemos ao lado de um filho com insónias? às vezes, os próprios sonhos dependem disso, mais ainda a maneira como acordamos. Por exemplo, se adormecemos no sofá em frente à TV, acordamos cheios de dores nas cruzes, e pensamos "gaita para isto!"; Adormecer depois de fazer amor pode trazer um acordar cheio de mel (acordamos ao lado do nosso ente amado, e vivemos aquela sensação de profundo conforto do sentimento do amor, e pensamos "Amo-te"), ou não, dependendo do contexto em que aconteceu (quem nunca ouviu contar aqueles casos do famoso "Credo!! Mas quem é esta(e)?!" ). Adormecer a trabalhar, na internet ou a ler pode ser penoso, porque normalmente acordamos em cima de qualquer objecto menos confortável, e temos a pele vincada e magoada, e isso pode doer. Adormecer a tentar adormecer uma criança, pode trazer um acordar muito ternurento, ou então também pode gerar um acordar súbito, se a criança acorda primeiro e calha de se assustar... Os sonhos, esses, há muito quem os tente interpretar, mas eu não percebo nada disso. Raramente me lembro do que sonhei, e quando me lembro é mau sinal, porque foi um pesadelo, e acordei sobressaltada e a pensar em coisas terríveis. Detesto quando isso acontece. Mas influem na nossa maneira de acordar, os sonhos. Para quem se recorda sempre deles, podem determinar um dia cheio de positividade, ou um dia péssimo. Se sonhamos com coisas boas, só podemos esperar que o nosso dia seja assim, na mesma medida; se sonhamos com coisas más, temos que passar o dia a evitar que aconteçam coisas dessas, que é especialmente possível que aconteçam, dada a nossa propensão para o negativo. O Feng Shui (China), é uma arte que estuda a análise da energia ou força viva que existe no universo, na natureza e nos objectos, e pode influir na nossa maneira de acordar de manhã. Um posicionamento correcto do quarto e seus objectos pode afastar o negativismo e fazer-nos acordar de manhã a pensar em coisas boas. Para mim, os quartos deviam ser todos voltados para Nascente, para que se possa acordar com a luz do sol da manhã. Mas nem todas as casas permitem isto, já se sabe. E nem todas as pessoas se levantam a horas de ver o sol despontar de manhã - há quem se levante bem mais cedo, e há quem se levante bem mais tarde. Acordar ainda de noite é aborrecido para o cidadão normal, mas uma necessidade profissional para muitos - quando se torna um hábito, calculo que não trará negativismo, não sei. Todas as vezes que tenho que me levantar ainda de noite, acordo com um mau feitio monumental, a pensar em esganar alguém, e por isso não faço isso muitas vezes. Quem não gosta de levantar cedinho, com os primeiros raios de sol? Ok, muita gente não gosta, prefere ser acordado com a expressão "ACORDA; ANDA ALMOÇAR!!!!". São gostos. Pelo menos assim, acorda-se a pensar em comida, até que nem é mau. Seja como for, pelo menos para mim, a maneira como se acorda, o que se pensa, o que se ouve, influi em muito no que se faz, e como se faz, a seguir. Tal e qual como quando se começa uma nova vida - o que fizemos antes vai determinar o que vamos fazer depois. Mais, o perfil do indivíduo pode ser maioritariamente caracterizado de uma maneira, mas este pode experienciar, em diversas fases da sua vida, outras. Eu posso ser uma pessoa muito calma, e ter um acordar sempre bem-disposto, mas posso ter dias em que acordo com a telha. Acontece, somos humanos, e complicados, por alguma razão.
(c) Bluerussian

terça-feira, setembro 25, 2007

A dor da Culpa

Mentes perversas, consciente obscuro

escondem em si a mentira de fingir a dor;

enganam o incauto com a docilidade de anjos,

caindo na graça da solidariedade cega

daqueles que não observam o que não se vê.

Lágrimas de água morta,

de chuva ácida,

que poluem a alma dos que querem ter fé;

Palavras de falsa esperança,

que impregnam o ser, dominam-no,

e o fazem mover consoante a maré dos seus intentos.

Vis intentos...

A expressão seca, de cera feita,

da mãe que perde um filho por querer,

querendo esconder de todos a dor da culpa,

disfarçando-a de dor da perda.

Dois mundos,

o mundo vilão, ardiloso e sujo,

de quem quer esconder e enganar,

e o mundo crédulo, solidário e generoso,

de quem crê na bondade das intenções.

Pobre criança.

Quisera o destino que tivesse uma vida diferente,

uma família diferente,

e ainda hoje sorriria frente a uma montra de brinquedos.

(c) Bluerussian

quinta-feira, junho 28, 2007

Uma só lágrima,
única e dura,
corre pelo rosto sulcado, lamacento,
da vida que foge por entre as mãos.
Dias que se somem,
no nevoeiro denso do tempo,
escoando por entre as vagas do degredo,
trazem a solidão,
por entre as gentes que se acotovelam em desvario.
O esquecimento de quem existe,
o certo, e o errado,
o desamor,
o azar e a sorte,
torcem e dobram a existência de cada um,
deixando de olhar nos olhos das pessoas,
e de antever os seus anseios e mágoas.
A incúria,
ou a vã glória de ser,
apagam o existir pleno,
extinguem a bondade da alma.
Já não vemos nos outros um semelhante,
Já não tentamos antever o seu sofrimento,
nem sequer o tentamos ajudar,
antes viramos as costas antes que nos peça:
"Ajuda-me!"
Bastava olhar-lhe nos olhos.
Bastava sentir-lhe o peso dos ombros,
e da alma,
bastava querer.
(c) Bluerussian

domingo, junho 24, 2007

O vento que passa

Ventos de nortada

varrem o sentido do espírito,

corroem a dura camada de bondade,
instalando o caos da descrença.
Sociedade fútil, injusta,
carcereira de sonhos e vontades,
pessoas cinzentas e perdidas,
crianças ingratas,
que magoam deliberadamente
aquilo que deveriam curar.
Perdido, o espírito vagueia,
por entre a pedra íngreme,
fria, e dura,
rasgando a sua ténue existência
nas escarpas da Humanidade.
Perde-se. Afunda-se.
Deixa de existir.
Morre.
Não renascerá, porque é uma Fénix cansada
que desistiu de ser quem era.
(c) Bluerussian

terça-feira, junho 05, 2007

Myra # 6 Jornais e maçãs

O que há de especial na mudança de uma vida é a incerteza do futuro. Por muito que se programem as coisas, qualquer grão de areia pode mudar o curso do destino, ou simplesmente travá-lo. De qualquer modo, a vida traz cenários que impoem a mudança, e muitas vezes essa mudança é uma fuga. Ou não.
- Myra? – A voz de Ann era sumida, mole.
- Diz, Annie. – Myra falava num tom sonolento, também. Eram 10 horas da manhã, e Myra tinha-se levantado cedo, para continuar a sua busca nos classificados do jornal. Ann acordara, levantara-se da cama e viera até à sala, encontrando Myra praticamente a dormir em cima da mesa e das folhas de jornal espalhadas.
- Tão cedo? Isso é que é vontade.... Eu sou incapaz de ler as letras de um jornal antes das 11 h da manhã, e de um café bem forte.
- Deixa, que eu estou aqui perdida de sono, Ann. Mas não tenho outro remédio, tenho que me despachar a procurar, e encontrar emprego, senão a coisa corre mal. Tenho que me pôr aí na rua a calcorrear portas.
- Não pensaste a sério na proposta do Frank, pois não? – Ann sentou-se à mesa, em frente a Myra, roendo uma maçã.
- Não é que não tenha pensado – disse Myra - mas, de facto, não me pareceu que ele estivesse a falar a sério.
- E porque não estaria? Se ele te disse para lhe mandares o teu currículo, é porque há essa possibilidade, My.
- Não sei... Bem, tu lá sabes. Mas pareceu-me mais que ele estava só a tentar agradar-te. – Myra esboçava um sorrisinho maroto, ainda que sonolento, e piscara o olho a Ann.
- MYRA!!! – disse Ann, com a boca cheia de maçã.
- Ah, pois é... amiga, o homem esteve a fazer-se a ti o tempo todo. Afinal, confessa-te lá à tua amiga: - e tomou um tom exageradamente coloquial – o que se passa realmente entre vocês, indivíduos de sexo oposto, livres, desimpedidos e disponíveis?
- Nadíssima!!!!! – Ann abanava a cabeça, em sinal negativo - Absolutamente nada, minha cara My. Rien de tout. Niet. Nein. Deixa-te disso. É como diz o outro: Vai à volta, que por aí não passas....
- Pois, pois. Porque não admites?
- Porque não tenho nada para admitir. Não inventes. E mais: o Frank tem este tipo de atitude com toda a gente.
- Calculo... especialmente moças giras e cheias de bom gosto. ... ihihihihih
- Mas não só, minha cara. Lá no trabalho, toda a gente o acha um convencido, um atiradiço.
- E tu não, claro....
- Nem por isso. Quando o conheci, confesso q era a imagem que ele passava, mas com o passar do tempo, e não foi preciso muito, acho só que ele tem uma auto-estiima acima da média. Aliás, ele tem motivos para isso, não achas?
- Ééééééé.... tu acha-lo um giraço cheio de pinta, certo? E bem sucedido, e inteligente, e até posso imaginar que achas que por baixo da casca de garanhão, está um homem carinhoso, e sensível . – Ann voltou a abanar a cabeça, em sinal de desagrado. Achava desnecessária a ironia de Myra – Não te chateies, Annie. Os homens têm destas coisas – às vezes enganam: porque não poderá ser este um caso de sensibilidade encapuçada de soberba? Estou a falar a sério. Mas diz-me lá: o rapaz está mesmo sozinho no mundo ou quê?
- Vãs ironias, amiga. Com o tempo vais perceber o mesmo que eu em relação ao Frank. Tu vais ver.
- Pronto, pronto. Hei-de ver, sim senhora. Mas como é? Temos solteirão militante, ou trata-se de um sofredor crónico, rejeitado pelas mulheres? Predador ou presa?
- Caramba, da maneira como poes as coisas, parece q estamos a falar de um animal selvagem....
- Bem, dependendo do ponto de vista, se fosse até não deixava de ser abonatório em favor dele..... uiuiui!
- Tarada....
- É a vida... e a abstinência prolongada, também....
- Ora, abstinência... tu, linda e maravilhosa, desempoeirada e inteligente... puseste o cinto de castidade porque quiseste!!!
- São opções, amiga.
- Não contesto. Aí, tu é que sabes. Mas não desististe dos homens de vez, pois não?
- Não. Só estou a fazer um intervalo. Mudar de vida também significa fazer um reset nesse âmbito. Quero tudo novo. Restart.
- Ok. E porque não dar uma abébiazita aqui ao nosso amigo Frank? Faz o teu género, que eu sei.
- Ehehehehhehehe... e o teu também..... não inventes. Ambas sabemos que o moço, a ser solteiro, não vai ficar assim muito tempo. Não a olhar para ti daquela maneira, nem com essa tua disponibilidade para lhe enlevar as qualidades. ..
- MYRA!!!! Continuas a delirar. Mais: Para tua informação, o jantar de ontem foi por tua causa, e eu já te disse isto...
- Ora, ora, por minha causa... boa desculpa!!! - Myra ria-se.
- Espera um segundo – e levantou-se – só por seres maldosa, vou mostrar-te a mensagem que ele me mandou depois de sair daqui, ontem à noite – e saiu, em direcção ao quarto, para ir buscar o telemóvel.
- Ai – Myra ironizava – aposto que é uma mensagem a dizer que se apaixonou perdidamente por mim, e que hoje, impreterivelmente, ia pedir-me em casamento!!!!!!!!! - Não gozes... – Ann respondia-lhe do quarto.
- É, e hoje, aparece aí antes de almoço, estaciona o seu cavalo branco lá em baixo no poste da paragem do autocarro, e lá vem ele por aí acima, botas até ao joelho, collants e calções de balão, colete e boina à principe, com pena e tudo, pedir a minha mão em casamento, ehehehheeh!!!! – Myra ria com vontade.
- Myra, - Ann voltara, com o telemóvel na mão – agora era bem feito que fosse isso mesmo. Só para calar essa tua ironia... Ora vê lá isto e diz-me lá se o assunto é comigo!!!!!! – e estende o telemóvel a Myra, que leu o que estava no ecrã:
“Olá. Excelente jantar. Especialmente a companhia. Gostei muito da tua amiga – é mesmo solteira? Diz-me que sim. Era realmente uma pena se não fosse. Liga-me hoje para tomarmos, TODOS, um cafézinho..... BJ”
- Não posso... – Myra abria a boca de espanto.
- Ai pois é, amiga. Calas-te, agora?
- Mas... ele não me ligou nenhuma o jantar todo!
- Parece-te. Se o conhecesses, tinhas percebido que o rapaz tinha estado a observar-te o tempo todo...
- Tchééééé, o malandro!!!
- Eheheheheh, pois.
- Bem. Eu também o achei giro, e simpático e isso tudo. Mas q faz um parzinho tão lindo contigo, lá isso faz!!! – e piscou o olho a Ann.
- Não, Myra, não vás por aí. Acredites ou não, não ia dar certo, com ele.
- Hummmm.... engano-me, ou isso já esteve para ser e não foi?
- Não. Nada disso. Simplesmente não há click entre nós.... não se passa nada.
- Click?
- Sim, Myra. Aquela coisa que nos faz imaginar uma pessoa na nossa vida assim de uma maneira mais ... interventiva. Aquilo q faz arrepiar e dá tremeliques. O Frank é giro, inteligente, um pão, mas... não há click. Gosto dele como um amigo. Só isso.
- Pena. Era capaz de te fazer bem.
- Eu também estou no meu break, Myra. Foi muito tempo.
- Eu sei. E... – e foi interrompida pelo telefone de Ann.
- Sim?- Ann atendera logo – Ah, Olá, bom dia! Estávamos a falar de ti .– Myra percebera que Ann falava com Frank, e arregalara-lhe os olhos – não, não temos nada combinado. Tens alguma sugestão? – e Ann piscava o olho a Myra – acho esse óptimo! A que horas? - Myra franzia o sobrolho – muito bem. Então até logo! Beijo, outro da Myra! – e desligou – Myra, vai vestir-te. Vamos almoçar fora.
- Frank, certo?
- Certíssimo. Desejoso de te ver de novo. Aposta aí na produção, que o homem está com saudades.
- Quem é que está a ser irónica agora????
- Prova do teu próprio veneno, prova! E vai mas é vestir-te, que eu também estou a ir.
- Mas... onde, e quando?
- Um restaurante óptimo, e agora. O Frank vem buscar as damas.
- E vamos de cavalo branco, é? Cabemos os três?
- Myra.... não comeces....
- Ah, ok, claro, ele traz o coche.... que parva que eu sou, valha-me Deus... – e Ann atirou-lhe uma almofada, já ela corria para o quarto.
Bluerussian

A ânsia

Alma grande, mundo vasto,
ignorância sedenta de saber mais,
Vício discreto, droga líquida, pura,
que afoga a mágoa do que não supera
o fracasso de ser mortal.
Ah!, se a alma soubesse,
se o mundo parasse também,
se a sede se calasse...
A lágrima de dor que corre,
o suspiro que rasga o peito,
cessariam face ao entendimento,
claro, objectivo, evidente,
pelo qual se deduz que o mundo não é tudo,
nem é nada, sequer,
comparado com a magnificiência,
a plenitude, a graça e a beleza

do Universo.

Vida, alma, morte, saber,

tudo resulta, a seu tempo certo,

na existência do ser frágil humano,

que busca, mesmo sem saber,

mas sabendo - o seu próprio, e inelutável, fim.

Bluerussian, Junho 2007

terça-feira, maio 15, 2007

Para Ti

Doce olhar azul pequenino,
Alvura calma de uma pureza bela,
surges no mundo e o mundo se curva
perante a luz terna que trazes contigo.
A Paz que emana de ti,
vida em botão a despontar,
traz a esperança de um futuro,
a alegria da manhã de sol,
fresca e luminosa,
perfumada de mil flores,
que inunda os sentidos daqueles que te amam.
Agarras a vida em cada segundo,
aprendes, observas, e sorris,
e o mundo é tão grande,
tão vasto,
que se torna o teu tapete de brincar.
Vive, sorri sempre,
Porque o mundo existe para ti.
Bluerussian
(Dedicado à minha afilhada - parabéns pela Luz que recebeste, Sofia)

Não estava esquecido

Bem, realmente, está mal deixar a criação abandonada. Não a esqueci, só o tempo tem sido pouco, e a inspiração tem que ser usada para outros items. Mas, de facto, há que regressar à linha, e continuar aquilo que se começou. Doravante, o regresso.