Jogos de Computador: odeio-os. Coisinhas mais irritantes, esses dispositivos de fazer perder tempo às pessoas que se viciam neles, e pior, às pessoas que vivem à volta destas. Eu diria mesmo que são uns apetrechos do Demo.
Nas crianças, compreende-se. Pode até mesmo ser educativo. A miudagem gosta destas coisas de encarnar personagens, viver mundos e vidas diferentes, matar sem morrer, morrer sem matar, ou as duas coisas ao mesmo tempo, dare saltos hercúleos e voar, conduzir carros velozes e barcos elegantes, viver segundas vidas virtuais (gostava de ser isto, gostava de ser aquilo, etc.).
Raio de coisa mais viciante, quem a inventou deve andar a arder no inferno - se não anda, já lá deve muitos anos! Se o fervor para tudo fosse o mesmo que algumas pessoas tem para jogar nestas coisas, caramba, que o mundo girava tão mais depressa que se fazia noite ao meio dia....
Os miúdos nascem a saber mexer num pc. E coisas como pintar livros, construir carrinhos de rolamentos, andar de bicicleta, jogar à bola, isso é para os "tristes" que não tem um... (para mim, esses os verdadeiros sortudos...). e depois, há que comprar jogos a cada 15 minutos, porque o consumismo assim o exige, e o que agora é "muita fixe", daqui a 2 segundos é "uma seca". E um pai que não ponha um pc à disposição da criança... é fuzilado imediatamente com o desprezo do "o pai do Zézinho é melhor do que tu, porque lhe deu um computador e jogos, e eu queria é ser filho dele"...Primícias dos tempos modernos, é o que é.
Exceptuando as crianças, são dois tipos de pessoas, as que se viciam em jogos de pc: o indivíduo que é um estratega nato, e joga para testar e exercitar a sua argúcia, e o típico nerd que abomina a sua vida real e dá prevalência à sua existência virtual.
No primeiro caso, não é de censurar, apenas tem como ponto negativo o dispêndio incessante de horas para terminar um jogo, e provar a sua hegemonia face à tecnologia. Prefira-se jogos de cariz militar (jogos de guerra, in your face, luta, etc.) ou social (construção e manutenção de cidades, civilizações, património, ou então jogos de futebol, ou outros desportos, etc.), o estratega começa um jogo e não mais pára até conseguir atingir uma resma de objectivos a que se propõe, querendo visceralmente vencer a máquina, e ser declarado o maior, o dominante, o master and commander. Normalmente, depois de terminar um jogo, e vencer a máquina, ninguém o atura. Pelo menos até arranjar outro jogo (coisas de homens - com as mulheres, em geral tendem a fazer o mesmo...).
No segundo caso, é grave... o nerd começa por se lamentar da vida baça que tem, e começa a procurar existências paralelas, em que ninguém o conheça, ninguém sequer o veja, e onde se possa gabar do que não é, achando assim que a sua aceitação por parte da comunidade - a maior parte, virtual, também - será mais fácil. Este indivíduo adora chats, jogos de simulação de personagens - o Sims, ou o Second life, por exemplo - e normalmente é o oposto daquilo que apresenta na sua vida virtual. Cuidado com ele. Até porque, como faz o possível para se omitir à vida real, passando todos os minutos que pode na sua vida virtual, que prefere, descurando coisas importantes como a saúde, o aspecto, a habilidade de lidar socialmente com pessoas de carne e osso , enfim, todas as coisas que nos ensinam desde pequenos, desde o primeiro dia em que ouvimos a frase "nenhum homem é uma ilha". Os nerds são uma ilha, rodeada de cabos de pc por todos os lados. O limiar da realidade confunde-se, passado uns tempos de excesso de omissão social, com essa twilight zone que é a realidade virtual, e os indivíduos, muitas vezes, regridem ao estado de homem das cavernas, ainda que um homem das cavernas tecnológico. Não falam, grunhem, e teclam à velocidade da luz, comem comida de plástico e sandes de atum, bebem coca-cola e café para estarem acordados e online o máximo de horas, e, geralmente, têm borbulhas, maus dentes, falta de cabelo, corcunda e chagas no rabo (devido à posição em que passam tanto tempo, sentados frente ao pc).
Os primeiros, são normalmente saudáveis, cabe-nos a nós, mulheres que os têm assim, tentar vencer também a máquina, conseguindo desviar a atenção dos nosso estrategas para nós próprias (qualquer mulher sabe, no fundo, como fazê-lo) - para esses, há salvação.
Os segundos... Recomenda-se uma marreta e força para partir o pc todo e esmigalhar os cabos de internet. Depois, um internamento numa clínica de desintoxicação, para restabelecer o corpo de todas as maleitas que apanhou por falta de se cuidar. E depois, uma dose cavalar de VIDA SOCIAL, para uma restruturação pessoal completa. E uma providência cautelar de obrigação de afastamento de computadores com internet de, pelo menos, uns dez anos.
Não nego que há jogos engraçados, que fazem puxar pela cabeça e prendem a atenção. Mas o que é demais é erro, e enjoa, ainda por cima...