Exceptuando as crianças, são dois tipos de pessoas, as que se viciam em jogos de pc: o indivíduo que é um estratega nato, e joga para testar e exercitar a sua argúcia, e o típico nerd que abomina a sua vida real e dá prevalência à sua existência virtual.
No primeiro caso, não é de censurar, apenas tem como ponto negativo o dispêndio incessante de horas para terminar um jogo, e provar a sua hegemonia face à tecnologia. Prefira-se jogos de cariz militar (jogos de guerra, in your face, luta, etc.) ou social (construção e manutenção de cidades, civilizações, património, ou então jogos de futebol, ou outros desportos, etc.), o estratega começa um jogo e não mais pára até conseguir atingir uma resma de objectivos a que se propõe, querendo visceralmente vencer a máquina, e ser declarado o maior, o dominante, o master and commander. Normalmente, depois de terminar um jogo, e vencer a máquina, ninguém o atura. Pelo menos até arranjar outro jogo (coisas de homens - com as mulheres, em geral tendem a fazer o mesmo...).
No segundo caso, é grave... o nerd começa por se lamentar da vida baça que tem, e começa a procurar existências paralelas, em que ninguém o conheça, ninguém sequer o veja, e onde se possa gabar do que não é, achando assim que a sua aceitação por parte da comunidade - a maior parte, virtual, também - será mais fácil. Este indivíduo adora chats, jogos de simulação de personagens - o Sims, ou o Second life, por exemplo - e normalmente é o oposto daquilo que apresenta na sua vida virtual. Cuidado com ele. Até porque, como faz o possível para se omitir à vida real, passando todos os minutos que pode na sua vida virtual, que prefere, descurando coisas importantes como a saúde, o aspecto, a habilidade de lidar socialmente com pessoas de carne e osso , enfim, todas as coisas que nos ensinam desde pequenos, desde o primeiro dia em que ouvimos a frase "nenhum homem é uma ilha". Os nerds são uma ilha, rodeada de cabos de pc por todos os lados. O limiar da realidade confunde-se, passado uns tempos de excesso de omissão social, com essa twilight zone que é a realidade virtual, e os indivíduos, muitas vezes, regridem ao estado de homem das cavernas, ainda que um homem das cavernas tecnológico. Não falam, grunhem, e teclam à velocidade da luz, comem comida de plástico e sandes de atum, bebem coca-cola e café para estarem acordados e online o máximo de horas, e, geralmente, têm borbulhas, maus dentes, falta de cabelo, corcunda e chagas no rabo (devido à posição em que passam tanto tempo, sentados frente ao pc).
Os primeiros, são normalmente saudáveis, cabe-nos a nós, mulheres que os têm assim, tentar vencer também a máquina, conseguindo desviar a atenção dos nosso estrategas para nós próprias (qualquer mulher sabe, no fundo, como fazê-lo) - para esses, há salvação.
Os segundos... Recomenda-se uma marreta e força para partir o pc todo e esmigalhar os cabos de internet. Depois, um internamento numa clínica de desintoxicação, para restabelecer o corpo de todas as maleitas que apanhou por falta de se cuidar. E depois, uma dose cavalar de VIDA SOCIAL, para uma restruturação pessoal completa. E uma providência cautelar de obrigação de afastamento de computadores com internet de, pelo menos, uns dez anos.
Não nego que há jogos engraçados, que fazem puxar pela cabeça e prendem a atenção. Mas o que é demais é erro, e enjoa, ainda por cima...